A Terra é desabitada há séculos. Entulhos espalham-se por todos os lados. No meio do caos, uma última maquininha construída pelos humanos, que sobreviveu a esse tempo todo, continua diligente no que foi programada para fazer. Vai para lá e para cá, trabalhando sem parar.
É um robozinho simples, já desgastado, movido a energia solar. A expressividade de sua aparência e seus movimentos testemunha a competência dos animadores do filme "Wall-E" (pronuncia-se "Uólii"). Mesmo considerando o que o fundador das empresas Disney conseguiu fazer com um camundongo, o resultado que a sua associada Pixar obteve para o robozinho velho e sujo é surpreendente. E lograram uma textura bastante agradável para um cenário desértico de lixo e destruição.
Na primeira parte do desenho, o espectador é um voyeur observando a divertida atividade diária da maquininha. Onde ela dorme (energia solar não está disponivel o dia todo...), como começa seus trabalhos, o que faz com o que vai encontrando pelo caminho.
Até que, claro, encontra algo diferente. Mas eis que nesse universo ficcional as máquinas têm caprichos, interesses próprios e curiosidade - e conseguem com dificuldade pronunciar seus próprios nomes. E a curiosidade de Wall-E o faz distanciar-se completamente de sua diretriz primária.
Logo, entra em cena um novo personagem - outro robozinho, totalmente distinto, novíssimo e de design futurista. Vem então a segunda parte do filme, a da aventura. E, como toda boa aventura cinematográfica, regada a um romance. Ah, sim, aqui as máquinas são também capazes de se apaixonar! (Mas será que haverá correspondência...?)
Máquinas com olhinhos pidões
O que aconteceu com a Terra? Para onde foram todas as pessoas? Qual o papel das duas máquinas nisso? O espectador vai descobrindo na medida em que a trama corre. A história é boa - na primeira parte, o espectador é levado pela mão a explorar o curioso cenário ficcional dessa animação; agora, ele é um detetive, destrinchando aos poucos o mistério, reconstruindo a trama; no trecho final, vibrará com a aventura e a ação. Primeiro o lúdico, depois a inteligência, depois o entusiasmo.
E tudo permeado com a emoção carinhosa transmitida por um insólito romance entre máquinas. Mas o que atrai mesmo não é somente essa estrutura: as maquininhas, oh!, são muito expressivas! Esses olhinhos "pidões", esses movimentos quase humanos - mesmo que o robozinho mais pareça um caixote, um ovo ou um simples círculo dependurado no teto!
De brinde, uma homenagem ao antológico "E.T. - O Extraterrestre", de Steven Spielberg. Os espectadores ao redor dos seus 40 anos hão de se lembrar do mar de emoção que foi essa película inesquecível para a criançada. E vão notar facilmente a semelhança entre Wall-E e o querido e enrugado alienígena. Não é apenas uma apropriação pura e simples, pois em certos momentos, a citação é obvia demais, tanto na imagem quanto nos movimentos da cabeça e no jeito de falar.
Comecei a ver esse filme quando zapeava na TV a cabo e cliquei no canal segundos antes de ele começar. Vi até o fim. Coisa rara quando zapeio. Animaçãozinha encantadora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário