quinta-feira, 3 de março de 2011

A "morte" do texto

Nunca dei grande trela para essas previsões teóricas imediatistas do "fim" do e-mail, massacrado pelas redes sociais - afinal, ainda recebo muitos e-mails o por dia sem parar. Mas eis que hoje, depois de ler um post da Kika Castro sobre isso, resolvi dar uma olhada no que realmente recebo (estou aqui "roubando" o assunto dela...!). E vi que a maior parte dos e-mails que me chegam são avisos de mensagens e congêneres do Facebook, Linkedin, blogs e outras redes sociais ou de matérias em sites.

Olha a dimensão da coisa: neste instante, há 39 "chamadas" de mensagens na primeira página do meu Gmail, sendo que apenas 8 são trocadas por e-mail entre eu e outra pessoa física identificável (detalhe: as oito são com a mesma pessoa). O resto são avisos de redes sociais, boletins informativos de notícias sobre ciência e coisas do tipo. Houve um tempo em que eu frequentava mais de 30 listas de e-mails. Agora continuo nelas, mas quase as abandonei.

As redes sociais têm sua utilidade, isso é inegável - vide meu post sobre para que serve o Twitter, ou então lembremo-nos de quantas pessoas que não víamos há 20 anos redescobrimos pelo Orkut. E o Facebook tem a vantagem de permitir compartilhar em massa os "telegramas".

O grande problema é resumirmo-nos às suas restritas possibilidades de comunicação. "Restritas" porque o que chama a atenção nessas ferramentas pirotécnicas é o apelo visual e a quantidade de ícones coloridos disputando atenção em comparação com o minúsculo espaço para textos.

Isso parece ser sintoma de algo maior - o ponto é exatamente que as pessoas estão cada vez menos dispostas a encarar textos. E isso está sendo "legitimado" pelo formato imposto de interação usuário-Internet. Sim, "imposto", pois os sistemas não só valorizam os textos mais curtos, mas também - homessa! - simplesmente proibem o usuário de escrever além de certa conta! Primeiro foi o Orkut, com uns 1200 caracteres no máximo ou algo assim; depois o Facebook com 420; depois o Twitter com seus 140... tenho medo de imaginar o que virá em seguida!

A crise do e-mail também parece ter a ver com outra coisa mais ampla: uma queda nos próprios relacionamentos pessoais entre as pessoas. Uma aceleração do que talvez venha acontecendo pelo menos desde o advento da televisão e, depois do vídeo-game. Uma comentarista do texto da Kika mencionou aquelas criaturas que aparecem em reuniões de amigos e logo mergulham a cara num smartphone ou o que seja e ignoram todo o diálogo, toda a relação social à sua volta para ficar trocando mensagens fáticas e inócuas com seus botõezinhos coloridos.


O retorno fugaz da correspondência pessoal

Será isso o prosseguimento de um processo que começou com a morte da correspondência à mão? Pois, nos séculos XVIII e XIX, trocava-se toneladas de cartas quase todos os dias. Pelo menos, na elite que sabia escrever. Escritas com caligrafia, transmitindo aquele toque pessoal e íntimo (convido os leitores que não passaram por essa experiência a trocar umas correspondências de papel para verem a diferença que faz terem diante de si a caligrafia das pessoas). Havia até romances epistolares, histórias escritas inteiramente por meio de cartas fictícias, como "Relações periogosas" de Choderlos de Laclos. Mas, nas últimas décadas do século XX, a carta à mão praticamente despareceu.

No entanto, eis que aí vieram os e-mails. As pessoas voltaram a trocar megabytes de correspondências com gente do outro lado do mundo. Mas durou pouco... A moçada ainda se contacta freneticamente pela Internet, mas para interaçõezinhas telegráficas em geral anódinas.

Enquanto isso, reformas editoriais em jornais e revistas têm sido justificadas como se a diminuição do texto em prol do visual fosse uma grande virtude. As últimas foram a da Folha em maio do ano passado e a do Estadão logo em seguida, mas lembro-me de uma da Veja há quase dez anos. Em uma palestra de um de seus editores em uma aula no Laboratório de Jornalismo (Labjor) da Unicamp, ele explicou que a reforma aumentava a quantidade de imagens e diminuía a de textos - e se ufanava disso, enquanto nós estudantes ouvíamos boquiabertos.

Bem, de qualquer forma, eu não acho que o e-mail ou os blogs acabarão, pela simples razão que as pessoas que gostam de escrever mais que uma ou duas frases por mensagem não vão desaparecer. Apenas, essas ferramentas vão se acomodar à nova realidade. Mesmo assim, impressiona-me o buraco fundo em que está se metendo nossa sociedade.


O preço será cobrado

É, mas a lagoa há de secar. Por mais que nosso sistema se baseie na inovação e na tecnologia, ele ainda depende fundamentalmente da relação entre as pessoas e da sua capacidade de conceber estratégias e analisar a realidade à sua volta. E a fuga do texto é reflexo de numa fuga do esforço de análise e um abraço na passividade. Do jeito que as coisas estão caminhando, mais cedo ou mais tarde teremos uma gorda crise sistêmica por pura falta de cultura.

Sim... cultura! Tem gente que acha que cultura é apenas entretenimento. Um belo dia, terão uma surpresa e tanto!

Como evitar? Passa necessariamente pela escola. Sistemas inclusivos; pedagogias atualizadas que preparem para um usufruto equilibrado da Internet e que não "ensinem" os alunos a odiar a escrever, a ler e a pensar, como frequentemente acontece; professores bem preparados e bem pagos. E políticas públicas de fomento à cultura. Como sempre.

O ritual: para onde foi Anthony Hopkins?

Olha, já vou avisando que o filme "O ritual" me decepcionou um tanto. É verdade que não havia nada que indicasse um grande filme, mas fui pela presença de Sir Anthony Hopkins, um desses atores com capacidade de transformar uma película qualquer numa experiência memorável. No entanto, Hopkins não estava lá. Estava em corpo, mas não em espírito.

Quis imaginar depois que não havia muito espaço em seu papel para grandes arroubos de interpretação. Havia. Passagens súbitas de uma personalidade aparentemente equilibrada para a violência verbal e vice-versa, ou situações de tensão que devem ser transmitidas com linguagens não-verbais, são campos férteis para boas atuações. Não sei o que aconteceu. Talvez estivesse no lugar errado - um papel que exigia pantomimas emocionais e acessos repentinos de fúria. O talento de Hopkins é mais sutil.

O resultado foi que em alguns momentos aconteceu o inacreditável de o mestre correr um risco real de ser equiparado por um estreante no cinema, Colin O'Donoghue, que fez o personagem principal e que até então só tinha trabalhado para TV. Donoghue produziu pelo menos uma cena notável, um longo e expressivo olhar absolutamente fixo sobre duas pessoas que se sustentaria mesmo sem trilha sonora.

Sem Hopkins, o filme afundou na sua superficialidade e nos seus clichês. Em certo momento, revirei-me na cadeira e senti vontade de ver as horas. O pior é que há características demais em comum com "O exorcista", de 1973. Este último é uma obra-prima inesquecível extraordinariamente assustadora, da qual ninguém sai inteiro. Quem não a viu talvez possa apreciar melhor os recursos de "O ritual". Para quem viu, a estratégia do diretor Mikael Håfström foi suicida. Pareceu uma tentativa patética de copiar elementos de um filme de grande sucesso para ver se consegue algum. Não causa boa impressão.

Não tenho muito a falar sobre essa película, desculpem-me. Escrevi aqui porque o assisti e queria contar o que vi. Fica para a próxima.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ciberguerra: uma realidade

Parece coisa de ficção científica: um país em guerra com outro lança um vírus nos sistemas computacionais da nação inimiga e seus sistemas elétricos são desligados, aviões caem, represas são abertas. Isso também poderia ser feito por um terrorista para grandes chantagens ou simplesmente para pôr fogo no circo.

Não é ficção. Aconteceu com o Irã em meados de 2009. As controvertidas ultracentrífugas que enriquecem urânio nas suas instalações nucleares se descontrolaram subitamente, inutilizando o material e atrasando seu programa nuclear. O motivo: um vírus extremamente específico, que só atacaria determinado tipo de programa de computador, justamente os que o Irã usava para seu equipamento. Segundo uma reportagem do New York Times, parece ter sido lançado por Israel com ajuda dos Estados Unidos. Se não fosse tão específico, o vírus atacaria computadores do planeta inteiro. Mas era inócuo para todo mundo, exceto para as instalações iranianas.

A guerra cibernética entrou definitivamente em cena e agora as estratégias dos países terão que se adequar a essa nova contingência. Foi sobre isso que falou Richard Clarke numa entrevista ao jornalista Jorge Pontual, no programa Milênio, da Globonews, anteontem à noite. Já comentei em outro post sobre outro assunto interessante abordado naquele momento, o quanto funcionários da CIA sabiam sobre a presença de agentes da Al Qaeda nos EUA nos meses que precederam os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Depois de sair do governo estadunidense por discordar da política externa do presidente Bush - ele era o responsável pelo setor de comabate ao terrorismo -, Clarke dedicou-se ao estudo da ciberguerra e escreveu o que pensa da ciberguerra em seu último livro, “Cyber War: The Next Threat to National Security and What to Do About It” (na tradução livre de Pontual: “Guerra Cibernética: a próxima ameaça à segurança nacional e o que fazer a respeito disso”).

Segundo Clarke, mesmo países que não estão em qualquer tipo de beligerância estão já sorrateiramente invadindo os sistemas de outras nações para instalar lá "backdoors" para serem usados em caso de necessidade. Países como China e Estados Unidos. Isso porque, no caso de uma ciberguerra, é preciso estar com tudo já pronto para poder começá-la - se forem deixar para invadir os sistemas "do zero" na hora H, não conseguirão.

Às vezes alguma atividade desse tipo torna-se visível. Em novembro do ano passado, a China, por meio de uma manipulação de roteadores, desviou o fluxo da Internet dos Estados Unidos para lá para depois retornar aos EUA. Se alguém de Nova Iorque mandasse um e-mail para seu vizinho, ele ia parar na China e depois voltaria ao seu destino final - e ninguém perceberia. Pouco depois, a situação voltou ao normal. Segundo Clarke, teoricamente, os chineses poderiam com isso bloquear a Internet nos EUA. Como não fizeram nada, não fez diferença para ninguém, a não ser para alguns técnicos de empresas como a McAfee, especializada em vírus e malwares de toda espécie, que detectaram o fenômeno e chamaram a atenção para o acontecido. Para Clarke, pode ter sido apenas um experimento chinês ou então uma advertência do tipo "vejam o que nós podemos fazer". Algo análogo a uma demonstração de força militar.


Ciberapagões

Para evitar que, por exemplo, usinas hidrelétricas sejam desligadas e um país inteiro caia num apagão por um ciberataque, seria preciso que essas usinas se isolassem da Internet, usando apenas sistemas internos. De acordo com Clarke, várias empresas de eletricidade nos EUA dizem que seus sistemas são isolados, mas, na prática, não são.

Segundo o ex-funcionário do governo dos EUA, a situação é agravada pelo fato de, por razões ideológicas e econômicas, o governo central se recusa a obrigar as empresas privadas a instalarem protetores contra esse tipo de ataque. E os sistemas elétricos, telefônicos nos Estados Unidos são privados.

A conclusão de Clarke foi fulminante: por causa disso, os EUA estão completamente vulneráveis a ciberataques contra seus sistemas de comunicação e de transporte. Paradoxalmente, o fato de eles serem o país tecnologicamente mais avançado do mundo também os torna os mais suscetíveis a ataques virtuais.

Indo além do que Clarke falou - os parágrafos a seguir não foram comentados na entrevista -, mesmo que as empresas tentassem isolar seus sistemas, a evolução da tecnologia atual vai na contramão desse tipo de estratégia. Já estão sendo instalados em vários países os sistemas elétricos inteligentes, que usam intensivamente tecnologias de informação para o seu gerenciamento. Prevê-se que até mesmo uma geladeira de uma habitação comum poderá ser controlada à distância. Isso implica na integração entre os sistemas elétricos - geração, produção e distribuição - à Internet.

Será muito difícil deter o processo, pois há uma verdadeira "corrida" entre países e entre empresas para implementar esses novos sistemas - pois, com o melhor gerenciamento pela administração maciça de enorme quantidade de dados, a competitividade aumenta muito. No Brasil, governo e empresas já vêm se mobilizando para implementar um sistema elétrico inteligente. A Companhia Paranaense de Energia (Copel) já investiu, só em 2010, R$ 20 milhões para a adaptação do setor, e pretende investir mais R$ 300 milhões até 2014 (segundo um artigo de Cyro Vicente Boccuzzi, em PDF). Para proteger o sistema, seria necessário adaptar a nova tecnologia às ameaças, e não simplesmente deter seu avanço.

No entanto, o conceito embute também a geração descentralizada, não só pelas habitações, como com pequeninas usinas de produção local, o que dificulta o lançamento de vírus específicos para um só país. Mesmo assim, tem produzido, na sociedade, preocupações relacionadas a segurança e privacidade. Esses problemas serão especialmente importantes se, como lembrou Kirt Rasmussen em uma palestra (PDF) de 2009, houver um descompasso entre a velocidade de implementação dos smart grids e de adaptação dos marcos regulatórios - algo esperado, mas não inevitável.

Mais sobre redes elétricas inteligentes: The smart grid: an introduction (PDF)

terça-feira, 1 de março de 2011

Crônica de um 11 de setembro anunciado

A CIA sabia da presença de dois membros da Al Qaeda em solo dos Estados Unidos desde 9 meses antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 - porém, só avisou o governo poucas semanas antes dos atentados. Ninguém sabe por que ocultram a informação, a não ser os cerca de 60 funcionários da CIA que a compartilhavam.

Quem disse isso foi Richard Clarke - que, na época, era o responsável pelo combate ao terrorismo no governo Bush - numa entrevista para o jornalista Jorge Pontual, no programa Milênio, da Globo News, ontem à noite. Clarke contou que, na época dos atentados, conversava praticamente todo dia com o chefe da CIA e este não lhe passou aquele fragmento de informação.

O entrevistador chegou a perguntar-lhe se aquilo não era um indício de que o governo dos EUA deliberadamente deixou as coisas acontecerem. Clarke respondeu que não acreditava nisso; sua hipótese era que a CIA queria ver se transformava os dois membros da Al Qaeda em agentes duplos. Porém, quando a informação chegou ao presidente Bush filho, ele a ignorou. Segundo Clarke, nas semanas antes dos atentados, os funcionários do governo sabiam que algo iria acontecer, só não sabiam quando, onde ou exatamente o quê.

O tema central do programa foi a guerra cibernética, assunto do último livro de Clarke (“Cyber War: The Next Threat to National Security and What to Do About It” - em tradução livre de Pontual: “Guerra Cibernética: a próxima ameaça à segurança nacional e o que fazer a respeito disso”). [P.S. - E que comentei em outro post] Mas suas declarações sobre o 11 de setembro mereceram comentários à parte inclusive no blog do programa Milênio. Ali, Jorge Pontual lembra outros trechos da entrevista. Clarke foi o único funcionário que pediu desculpas às famílias das vítimas do atentado. Disse que ficou surpreso pelo fato de, depois que fez a sua retratação, ninguém o imitou. Nem mesmo na autobiografia de George W. Bush, abarrotada de informações, existe qualquer confissão de que tenha errado em algum momento.

Clarke deixou o governo em 2003 por conflitos com o presidente sobre o modo como ele geria a sua "guerra ao terrorismo", incluindo na invasão do Iraque naquele ano. Depôs à comissão que investigou os atentados de 11/09 e em seguida foi perseguido por Bush, que tentou difamá-lo.

Lembrando que o grande "motivo" alardeado por Bush e pelo governo do Reino Unido para a invasão do Iraque em 2003 foi a "existência" de armas de destruição em massa - químicas, biológicas - em seu território. As armas não foram encontradas. Até hoje o governo dos EUA tenta desculpar-se alegando depoimentos falsos - que existiram; recentemente, o The Guardian publicou uma matéria em que o "principal" informante de Washington sobre as armas iraquianas, Rafid Ahmed Alwan al-Janabi ou "Curveball", confessou ter mentido.

Outra "razão" para a invasão foi o envolvimento do ditador iraquiano Saddam Hussein com os atentados de 11 de setembro. O que é um disparate, afirmou Clarke, que lembrou também que morreram mais estadunidenses nessa guerra que nos atentados (2996 nestes últimos e mais de 4 mil na guerra até hoje, sem falar nos cerca de 100 mil iraquianos mortos, a maioria inocentes - vide, p. ex., a página da ONG Iraqi Body Count).


Por que o Iraque foi invadido?

Até hoje se discute por que Bush teria atacado o Iraque em 2003. Minha impressão é que houve uma conjuminação de motivações. Seriam elas:

  • Desviar a atenção pública da guerra mais diretamente ligada aos atentados de 11 de setembro, a do Afeganistão, que não só não resultou na prisão do principal acusado, Osama bin Laden, mas se aproximava de uma situação de atolamento.
  • O Iraque era o dos três maiores produtores de petróleo do Oriente Médio, ao lado da Arábia Saudita e do Kuwait. É verdade, porém, que uma fração pequena do petróleo consumido pelos EUA vem do Oriente Médio (as maiores fontes são, atualmente, Canadá, México, Nigéria e Venezuela).
  • O Iraque é o país que possui a maior concentração de água do Oriente Médio. Por ali passam os rios Tigre e Eufrates e entre eles há a fértil Mesopotâmia com seus terrenos pantanosos. E, naquela parte do mundo, água vale ouro. Quem controla o país controla os aquedutos que se espalham a partir dali para toda aquela região, ávida pelo preciso líquido.
  • O Iraque possui fronteiras grandes com dois dos principais elementos do "eixo do mal" escolhidos por Bush: a Síria e o Irã (vide mapa no fim deste texto). Poderia servir, no futuro, como base para neutralizar ou mesmo atacar esses países.
  • O Iraque proporcionaria uma ligação física direta entre a Europa, incluindo membros da OTAN como a Turquia, e o Golfo Pérsico (vide o mapa abaixo).
  • Saddam Hussein era uma pedra no sapato de Bush. A guerra feita por seu pai em 1990, após a anexação do Kuwait pelo ditador, não o depôs; ao contrário, ele permaneceu no poder enquanto violava periodicamente a zona de exclusão aérea imposta pelos EUA e driblava os inspetores da ONU que buscavam armas de destruição em massa, o que levava a eventuais ataques e bombardeios estadunidenses. Ficou 13 anos assim.
  • Alguns estudiosos, como Demétrio Magnoli, avaliam que, após os atentados de 11 de setembro, os EUA procuravam um "aliado incondicional" alternativo à Arábia Saudita, pois Osama bin Laden tinha ligações fortes com os wahhabitas, uma seita muçulmana radical muito presente naquele país e também estreitamente ligada ao governo do mesmo. A ideia era conquistar o Iraque e depois distanciar-se dos sauditas e seus wahhabitas malucos.
Nenhuma dessas motivações sozinha parece explicar a invasão, mas é possível que o conjunto delas, pelo menos na cabeça dos neocons que cercavam Bush, pudesse fazê-lo.

O Iraque, em verde, seria, se conquistado pelos EUA, uma ligação física direta entre a Europa e a estratégica região do Golfo Pérsico, passando pela Turquia, aliada dos EUA e membro da OTAN.